#15 Digital Futures Lab — Educação

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Amanda da Cruz Costa
6 min readMar 28, 2022

Fala minhas lindezas climáticas, bele?

Chegamos na última aula do programa Digital Futures Lab, a capacitação em futuros do FA.VELA, Futuros Inclusivos e UK Brazil Tech Hub, o braço da Embaixada do Reino Unido que cuida da parte de inovação e tecnologia.

Para encerrar o programa com chave de ouro, contamos com a presença de duas pessoas referências ao debate da educação: Glenda Bastos e Ailton Krenak.

Começamos a aula com a Glenda, abordando o tema do futuro da educação a partir da educação não formal, sendo esta uma ponte de acesso à futuros mais inclusivos.

Querido leitor, uma coisa precisa ficar bem escura: se hoje estamos aqui é porque tivemos uma base educativa, desde a educação escolar até a educação que desenvolvemos com nossa família, amigos, no território em que habitamos e até mesmo nas comunidades religiosas.

A partir da educação tivemos a oportunidade de sonhar, imaginar e esperançar realidades melhores que pudessem nos levar rumo à emancipação. Desse modo, vemos que a educação desempenha um papel fundamental na construção de sujeitos, no desenvolvimento da sociedade e na garantia de acesso à direitos básicos.

Não podemos caracterizar a educação apenas a partir do processo escolar. Há diversas dimensões e modalidades que contribuem constantemente no processo de aprendizagem e troca de saberes entre os indivíduos.

A educação sendo a base de tudo nos conduz para a uma formação individual e coletiva enquanto seres políticos! As relações que estabelecemos cotidianamente ao longo de nossa trajetória de vida se tornam essencial com o que vamos construir enquanto humanidade.

Tuuuuudo isso abre espaço para a gente acessar e garantir direitos básicos, como saúde, cultura, lazer, esporte, alimentação, moradia etc. Esses são elementos fundamentais e complementam a educação formativa de cada ser humano, ou seja, das suas respectivas cidadanias e contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade que pode ser mais justa, resistente e digna.

“A educação é um ato permanente e de continuidade.” (Glenda Bastos)

De acordo com Blenda, existe três formas de dimensões educativas:

Educação Não-formal:

As comunidades quilombolas e os povos indígenas constroem sua educação tecendo grandes teias de saberes, conduzindo processos e dimensões e carregando o conhecimento base da formação da identidade da nossa sociedade. O saber tradicional traz uma construção de saberes que antecedem todos os outros, é um conhecimento básico para viver em comunidade, de forma coletiva, harmoniosa e fundamentada no bem-viver.

Em linhas gerais, o conceito de Educação Não-Formal surgiu no Brasil no final da década de 60 com o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), em contraponto à educação popular.

O boom aconteceu na década de 90, com a expansão do Terceiro Setor e a consolidação aconteceu nos anos 2000, abrindo espaços para novas práticas, projetos, organizações da sociedade civil e um diálogo mais aproximado com a Educação Popular.

O método do MOBRAL veio contra os movimentos sociais, de cultura popular e organizações comunitárias que se baseiam no método Paulo Freire de Educação.

Meu querido leitor, olhe essa campanha e fique MUITO chocado:

Em contrapartida com esse movimento horroroso, Paulo Freire trouxe a educação como um espaço de diálogo, troca de saberes efetivos entre educando e educador através de uma transformação da realidade a partir do processo de conscientização do próprio sujeito e de sua atuação no mundo (processo de educação emancipadora e libertadora).

Com isso, a Educação Não-Formal buscou garantir as formações que geralmente não eram contempladas no espaço escolar, como a educação popular e a arte educadora.

  • Direitos sociais;
  • Íntegra sujeito e sociedade de forma dialógica;
  • Relação diferenciada com o conhecimento;
  • Intencionalidade em integrar, incluir e transformar;
  • Combate às desigualdades;
  • Criação de vínculos e afetos;
  • Ampliação de visão de mundo;
  • Valorização e reconhecimento das diversidades;
  • Coletividade para avançar;

“Todo esse conjunto demonstra que a Educação Não-Formal, hoje, se afirma no espaço como uma importante modalidade educativa capaz de emancipar os atores envolvidos, co-criar novas realidades, sonhar e vislumbrar com futuros possíveis e mais inclusivos.” (Glenda Bastos)

Educação dos povos tradicionais

Na segunda parte da aula, tivemos a honra de ouvir a entrevista que a fundadora do FA.VELA Tati Silva fez com a referência indígena Ailton Krenak. De acordo com Ailton,

“Educação e escolas não são sinônimos. Educação é uma experiência que ocorre desde que a gente nasceu e ela vem de experiências muito antigas. Povos que não tinham escrita não deixaram de ter cultura.”

Desse modo, se pensarmos que a educação é um processo que acontece unicamente na escola, estaremos excluindo um universo complexo, múltiplo e plural onde as pessoas podem aprender.

O saber ancestral é precioso e a sua valorização é importantíssima. Enquanto o governo brasileiro persegue os povos tradicionais, enfraquece a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e a CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) muitos cientistas de outros países vão até as florestas para aprender o saber ancestral com lideranças indígenas e quilombolas.

“O indigena tem o saber. O bioquímico sabe descrever.” (Ailton Krenak)

O papel das juventudes e das lideranças jovens

Somos mais de 50 milhões de jovens no Brasil (pessoas entre 15 a 29 anos), há força e potência neste grupo. Contudo,não é justo que apenas as juventudes vulnerabilizadas sejam as responsáveis por encontrar formas de criar futuros ambientalmente possíveis.

Ei leitor, você já parou para refletir sobre o que é ser jovem num contexto periférico?

Uma jovem de 12 anos de idade numa periferia pode já não ser mais considerada jovem, caso suas obrigações assim o digam (imagine se ela é mãe, se tem que tomar conta dos irmãos menores ou se precisa trabalhar para ajudar no sustento da família). O mesmo ocorre com os rapazes, que precisam decidir o que fazer e quem vão ser desde muito cedo, caso contrário serão cooptados para o crime organizado.

Essa mesma lógica não atravessa os jovens da classe média, os quais possuem mais tempo para decidir o que desejam fazer, sendo acolhidos por uma sociedade que não cobra respostas rápidas de pessoas pertencentes às classes mais ricas.

“Se o cara da classe média demorar até os 20 anos que ele quer seguir, o meio social dele vai aceitar. Ele pode fazer um intercâmbio ou tirar um ano sabático para decidir o que deseja fazer.” (Ailton Krenak)

Essa lógica pode ser bemmmm opressora, principalmente para pessoas pertencentes a territórios vulnerabilizados, como terras indígenas, quilombos e periferias… O conselho final que Ailton deu foi:

Escute o que a terra te diz. Se você vive no deserto, pense nos desafios do deserto, se você vive na floresta, pense na floresta, mas se você vive numa periferia, pense nos desafios da periferia. O lugar que você está te revelará a resposta para o que você pode fazer!

Por fim, sabemos que o sistema capitalista é inviável tanto do ponto de vista ecológico quanto ético, pois ele se fundamenta na exploração e disputa. Dessa forma, é necessário ativar na juventude uma fissura para reagir a essa sociedade meritocrática, materialista e individualista.

E aí leitor, bora se engajar comigo nessa luta?

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Amanda Costa é internacionalista, jovem embaixadora da ONU, delegada do Brasil no G20 Youth Summit e fundou o Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, LinkedIn Top Voices e Creator, TEDx Speaker e atua como vice-curadora no Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.

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Amanda da Cruz Costa
Amanda da Cruz Costa

Written by Amanda da Cruz Costa

#ForbesUnder 30 | Conselheira Jovem da ONU | Dir. Executiva do Perifa Sustentável

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