#09 Digital Futures Lab — Head de Futuros
Fala minha lindeza climática, bele?
Para o nono encontro do Digital Futures Lab, a formação em futuros do FA.VELA, futuros inclusivos e UK Brazil Tech Hub, tivemos a honra de receber duas manas ahazadoras que abordaram o tema Head de Futuros:
- Tati Silva: diretora executiva do FA.VELA e
- Andrea Motta: diretora executiva do UK Brazil Tech Hub.
Liderando futuros ambientalmente possíveis
A real é que o impacto humano, seja este positivo ou negativo, ocorreu, ocorre e ocorrerá em TODOS os modelos econômicos. Desse modo, precisamos pensar estrategicamente em como podemos mitigar os efeitos negativos que prejudicam tanto a população, quanto o planeta.
O avanço da industrialização nos gerou um alto custo. Ao mesmo tempo que observamos o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, vimos o impacto socioambiental gerado no planeta.
Um momento muito relevante na história da humanidade foi quando identificamos o aumento do CO2 na atmosfera, em decorrência da intensificação do processo de industrialização. A partir de 1960 começamos a detectar que o nosso modo de viver estava gerando gás carbônico maior que o nosso planeta conseguia absorver de forma natural.
Esse processo gerou o efeito estufa, ou seja, quando o gás carbônico fique preso na atmosfera e todo o ciclo solar (o calor que recebemos enquanto planeta) permanece retido na atmosfera, gerando o aquecimento global e consequentemente, as mudanças climáticas.
Com o intuito de pensar em soluções, os líderes mundiais se reuniram em 1972 na 1ª Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu na cidade de Estocolmo, na costa oriental da Suécia.
Quem controla a narrativa detém o poder?
No meio desse turbilhão, algumas pessoas se juntam em coletivos e organizações para contestar nosso sistema e atual estilo de vida, dando início ao ativismo ambiental de forma organizada. Esse movimento gerou a reflexão sobre como o nosso sistema econômico está fundamentado em pilares que permitem a pobreza extrema, prejudicando sempre a vida dos mais vulneráveis.
Desenvolvimento sustentável: modelo de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades.
Para a compreensão ficar mais fácil, pense no conceito de desenvolvimento sustentável como uma utopia que orienta a humanidade rumo a diminuição das desigualdades sociais, fomento da economia inclusiva e responsabilidade com o meio ambiente.
Tuuuuudo isso é um processo cíclico.
VemkBB: você sabe porque devemos liderar futuros ambientalmente possíveis?
Quando pensamos na construção de futuros precisamos fazer essa análise de exposição ao risco X capacidade de enfrentamento. Se o futuro não for ambientalmente possível, serão os mais vulneráveis (as mulheres, os pretos, a galera LGBTQIA+) que sofrerão os maiores impactos e as principais consequências.
“Se a gente não protagonizar essa luta, vai dar ruim para a gente!” (Tati Silva, diretora executiva do FA.VELA)
Dá uma olhada nesse post sobre Racismo Ambiental da @arvoreeagua para entender um pouquinho da complexidade dessa luta:
A liderança inclusiva, colaborativa e sustentável será um diferencial nas iniciativas de impacto! Mas fica tranquilo, o rolê não precisa ser mega complexo. Avançamos a partir do momento que colocamos isso em pauta e nos abrimos para dialogar sobre o tema (como neste artigo ❤).
Contudo, não temos tempo a perder, essa década será determinante para o mundo.
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, trazendo 17 objetivos, 169 metas e 231 indicadores para guiar a humanidade rumo a um futuro sustentável. Dentre as metas relacionadas ao combate à crise climática (ODS 13), temos duas principais:
- 2030: reduzir pela metade as emissões de CO2. Esse ato aumentará em até 50% a preservação da humanidade dos piores impactos decorrentes da crise climática.
- 2050: alcançar a emissão global zero.
Desse modo, existem dois cenários possíveis:
- Temperatura acima de 3ºC: se não mudarmos, a temperatura do planeta ultrapassará para 3C. Pode até parecer palco, mas isso já será suficiente para dizimar diversas espécies do nosso planeta, aumentar a quantidade de terremotos, intensificar os fenômenos de El Niño e exponencializar a ocorrência de diversos eventos climáticos (chuvas, secas etc).
- Temperatura abaixo de 1,5ºC: esse é um cenário mais controlado, que geraria menos desgaste e asseguraria a nossa sobrevivência na Terra.
Essas datas e cenários estão vinculados ao Acordo de Paris, que nasceu no ano de 2015. A COP 21 — Conferência de Clima reuniu líderes dos 193 membros da ONU com o objetivo de pensar em soluções para frear a crise climática e promover o desenvolvimento sustentável.
Curiosidade: Aqui no Brasil utilizamos dados do SEEG para fazer o monitoramento das emissões de CO2. Atualmente o desmatamento da Amazônia, a agropecuária e o agronegócio são as atividades que causam os maiores impactos para as contribuições brasileiras nas emissões globais.
Mas Amandinha, QUANTO CUSTA liderar futuros ambientalmente possíveis?
- Justiça intergeracional: Estamos falando de vidas. Esse “quanto custa” pode ser não ter um planeta para as futuras gerações!
- Profissionalização voluntária e/ou remunerada: Muitos ativistas que atuam com a temática socioambiental tiveram que investir em cursos, palestras, mestrados e trabalho voluntário para ter repertório para debater o tema. Dependendo de onde você vem, isso é um privilégio ou uma vantagem social! Mas num país que voltou para o Mapa da Fome, quem é que pode pensar em ativismo climático?
Querida lindeza climática, quero te fazer uma provocação: será que todo mundo precisa ser líder?
Hoje vivemos um cenário complexo, com muitas reproduções de radicalismo extremos. Veja bem:
Não precisamos, necessariamente, escolher um caminho da liderança. Mas se a gente não for liderar, quem vamos escolher para ocupar esse lugar?
Para a segunda parte da aula, contamos com a facilitação da Andrea Motta, diretora executiva do Uk Brazil Tech Hub e rainha da inovação e tecnologia. A Andrea falou de três pontos principais:
- Como podemos nos tornar agentes de transformação: os heads de futuros são agentes de transformação e não espectadores do futuro.
- Quem ocupará a demanda global por Head de Futuros (HFs)? grandes centros de poder estão buscando por Head de Futuros. O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, colocou os HFs na lista de profissionais mais requisitados.
- Mudanças de mentalidade: para circular nesse universo, é importantíssimo ter uma postura de constante aprendiz, o qual sabe acolher seus próprios erros e celebrar suas próprias evoluções.
Projetar o futuro através do futurismo, estudos de futuros, futurologia ou pesquisas de futuros não é algo recente, mas sim ancestral e oriundo de um lugar de vários conhecimentos. Já as ferramentas de estudos de futuro, por sua vez, são um mix de análises comportamentais e analógicas, nas quais as estruturas podem ser mutáveis e dependerão de múltiplos fatores.
Uma coisa precisa ficar bem escura: a habilidade de traçar futuros não é um monopólio das Américas e Europa. Na África já vimos desenhos mapeando cenários (ex: cheia do Rio Nilo com projetos tecnológicos para desenvolver futuros possíveis).
“Somos pioneiros na criação de espaços para a criação de futuros inclusivos.” (Andrea Motta)
Qual é o seu lugar para mudar o futuro que não te favorece?
Existe um movimento chamado Sociobiologia, que é o estudo do comportamento social dos animais usando conceitos de psicologia, etologia, evolução, sociologia e da genética de populações. Basicamente, esta ciência está condicionada às características do futuro a partir de características biológicas.
Dentro desse debate, o Estudos do Genomas Humanos (DNA) ganhou força. As descobertas oriundas desse processo foram determinantes para o futuro da saúde, mas também trouxeram um debate ético.
Ex: se por um lado eu descubro um gene defecitário que pode causar alguma anomalia, eu também poderia escolher as características físicas e comportamentais de um embrião geneticamente modificado.
Esses avanços nos despertam para a reflexão:
- O que é socialmente aceito?
- O que é socialmente desejável?
Com esse modelo, corremos o risco de fomentar pensamentos eugenistas, com a valorização de biótipos que são desejados numa sociedade regida por uma determinada estrutura de poder (branca, hetero e cis genero).
Precisamos olhar para as consequências políticas e sociais da tecnologia!
Sobretudo, ver os impactos nas mulheres e nas pessoas socialmente vulneráveis. Precisamos questionar as identidades baseadas nos pilares de classe, gênero e territórios.
“Estamos vivenciando os perigos da incomunicabilidade, do egoísmo, do determinismo, da falta de abertura para o debate, para o consenso. O que nos impede de construir um futuro melhor para todos, com menos carência?” (Andrea Motta)
Infelizmente, quem está tomando as decisões sobre futuros desejáveis ainda não somos nós. Contudo, podemos nos preparar para ocupar esse lugar. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, existem 4 habilidades essenciais para o mundo pós-COVID. São elas:
- Letramento de futuros: é o que estamos fazendo com essas formações :) Confira os artigos #01, #02, #03, #04, #05, #06, #07 e #08.
- Pensamento sistêmico: entenda quem são os atores envolvidos (governos, empresas, sociedade civil, grupos de interesse) e quais são as duas influências dentro do cenário analisado.
- Antecipação: é preciso treinar muito o olhar para o que não é evidente. Questione o que é exceção? Olhe para onde ninguém está olhando e entenda as possibilidades que aquilo está te mostrando.
- Previsão estratégica: mudanças que são capazes de provocar uma transformação no curso das coisas. Como esse futuro afetará a comunidade que você mora?
Por fim, para navegar por esse universo, é necessário desenvolver uma mentalidade para o futuro. De acordo com a futurista Daniela Klaiman, existe 4 pontos essenciais que merecem a nossa atenção:
- Individual para o coletivo;
- Racional para o emocional;
- Linear para o exponencial;
- Escassez para a abundância.
A primeiro momento todas essas informações podem parecer MUIIIIITA COISA, eu sei 😅. Mas se você chegou até aqui, é sinal que você realmente está interessado em conhecer os caminhos que podem te levar a se tornar um Head de Futuros!
Que tal iniciar essa carreira com o exercício do Laboratório de Letramento em futuros da UNESCO? :)
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Amanda Costa é ativista climática, jovem embaixadora da ONU, delegada do Brasil no G20 Youth Summit e fundou o Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, LinkedIn Top Voices e Creator, TEDx Speaker e atua como vice-curadora no Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.