#11 Muvuca — Gênero e Clima

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Amanda da Cruz Costa
5 min readAug 13, 2021

Olá meu chazinho de maçã, gengibre e canela! Como você está?

Por aqui chegamos no décimo primeiro encontro do #MUVUCA, o programa de ativismo climático da organização Nossas. Para a aula de Gênero e Clima, contamos com a presença da maravilhosa Andreia Coutinho, especialista em justiça climática e fellow da Hubert H. Humphrey Fellowship.

Se liga na “mini-bio” dessa mulher!!!

“Mulher negra, carioca, 30 anos, graduada em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela PUC-Rio e mestra em relações Étnico-Raciais pelo CEFET-RJ. No mestrado, desenvolveu uma pesquisa sobre trajetórias de mulheres negras no jornalismo, especializando-se na linha de mídia, gênero e raça. Entre seus principais temas de interesse e paixão, estão: justiça climática, cidades e desigualdades raciais. Entre 2018–2020, atuou no Instituto Clima e Sociedade (ICS) como coordenadora de comunicação, sendo responsável pela produção, interlocução e gerenciamento de todas as redes sociais e materiais institucionais. Também coordenou a área de comunicação e mobilização de um projeto de justiça climática e socioambiental no Instituto Alana. Hoje é integrante do GT Gênero e Clima do Observatório do Clima, onde atua como consultora de justiça climática e é responsável pela produção de um estudo inédito sobre justiça climática e suas interseccionalidades no Brasil.”

Para iniciar as trocas, Andreia trouxe a seguinte pergunta:

“O que vem de imediato quando pensamos em justiça climática e socioambiental?”

A crise climática impactará a todos, mas não da mesma forma! É extremamente importante trazer questionamentos interseccionais para os debate, como:

  • Qual é a cor/gênero/território dos principais prejudicados pelo modelo patriarcal heteronomormativo de supremacia branca no qual estamos inseridos?

Pois é, meu caro leitor. Quando pensamos em justiça climática, as questões de raça, classe, gênero e território importam muito!

Por conta dessas reflexões, a comunidade epistêmica global compreendeu que as discussões sobre justiça ambiental e climática precisavam ser ampliadas. Após inpumeras conversas e debatesm, o tema foi definido da seguinte maneira:

Atualmente, Justiça Climática pode ser caracterizado como um movimento global que afirma que os impactos da crise do clima ocorrem de forma estrutural, ou seja, quem menos contribui é quem mais está sofrendo.

Não dá para falar de clima de forma universal! Para que esse debate não fique raso, é necessário fazer o cruzamento das lutas, através do diálogo sobre interseccionalidades.

“Nem toda injustiça ambiental é climática. Mas toda a injustiça climática é ambiental.” (Andreia Coutinho)

Mas porque falar de gênero e clima?

Embora o colapso climárico seja global, ele não atinge igualmente a todos. As condições materiais e históricas de determinados grupos sociais influenciam seu grau de resiliência e de adaptação.

O Grupo de Trabalho de Gênero e Clima do Observatório do Clima desenvolveu um infográfico a partir de reuniões e escutas com mulheres pertences a comunidade do OC e outros coletivos e organizações.

Confira aqui

Desdobramentos de gênero e clima:

  • Casamento infantil: os deslocamento climaticos aumentaram as taxas de casamento infantil de todo o planeta! Um exemplo é a nação de Blangladesh, saiba mais no Documentário Hidden Connections.
  • Proteção de terra: quando as terras são invadidas por madeireiros ou fazendeiros, as mulheres utilizam seus corpos como escudo.
  • Refugiados climáticos: 80% das pessoas deslocadas por conta dos eventos climáticos extremos são mulheres, principalmente mães solo (UNFCCC, 2018).
  • Desastres ambientais: mulheres e meninas morrem mais em desastres ambientais. Em países de regiões costeiras, poucas meninas são ensinadas a nadar, diminuindo as suas chances de sobrevivência.
  • Sub-representação em espaços de poder: uma imagem vale mais que mil palavras, quantas mulheres você encontra nessa foto?

A comunidade climática é formada, prioritariamente, por homens brancos, heterossexuais da classe alta, sendo caracterizada como um espaço suuuuuper elitista de discussão e de tomada de decisão.

Onde está a representação das mulheres na estruturação das políticas? Como construir políticas e iniciativas com um olhar interseccional que vai cuidar das pautas de gênero, raça, classe e território?

Além do mais, corpos negros são frequentemente silenciados e excluídos nesses espaços. Um caso revoltante foi o apagamento da ativista climática Vanessa Nakate da foto tirada na Conferência de Davos em 2020 (WEF), pela agência Associated Press.

“Corpos negros são cortados, invisibilizados, excluidos e infantilizados. Isso é muito sério, acontece em eventos, em processos seletivos, em reuniões formais e informais. Quando a gente exclui a perspectiva de grupos minoritários, a gente continua no mesmo caminho que trouxe a gente até aqui, um lugar desigual.” (Andreia Coutinho)

É necessário ter uma postura proativa para evitar que casos como esse se repitam. Que tal se aprofundar na disucssão e acompanhar organizações que trabalham com Gênero e Clima? :)

“Conhecimento é empoderamento. Empoderamento é igualdade.” (EmpoderaClima)

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Indicações:

Amanda Costa é ativista climática, jovem embaixadora da ONU, delegada do Brasil no Y20 e em 2021 entrou para a lista #Under30 da revista Forbes. Formada em Relações Internacionais, Amanda empreende o PerifaSustentavel, atua como vice-curadora da comunidade Global Shapers (WEF) e é colunista da Agência Jovem de Notícias e do Um só Planeta.

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Amanda da Cruz Costa

#ForbesUnder 30 | Conselheira Jovem da ONU | Dir. Executiva do Perifa Sustentável