#08 Digital Futures Lab — Alimentação
Oi, minha lindeza climática! Bele?
Nesse encontro do Digital Futures Lab, a capacitação em futuros desenvolvida pelo FA.VELA, Futuros Inclusivos e Governo do UK, tivemos uma masterclass sobre o Futuro da Alimentação, facilitada pelo Guilherme da Silva, fundador do projeto Guaracy Agroecot e pela Lorena Coimbra, fundadora da Foodtech Consultoria e sócia-fundadora da starup Hort-e.
“Se alimentar é muito mais do que comer! A alimentação só pode ser considerada saudável se for também sustentável.” (Guilherme da Silva)
O ser humano, a natureza e a agricultura
“O sol está para a fotossíntese, assim como a agricultura está para o ser humano!”
O passado da humanidade foi marcado pelo nomadismo, sendo que alguns se dedicavam à caça de animais, outros estavam responsáveis pela coleta de frutas e geralmente as mulheres tinham a missão de cuidar do seio familiar, a fim de garantir a sobrevivência do grupo.
Em determinado momento, as mulheres perceberam que podiam domesticar algumas espécies, tanto de sementes quanto de animais. Então, ao invés de mudar de território por conta do esgotamento de recursos naturais, o manejo passou a ser utilizado como estratégia de permanência.
Passado esse período, a agricultura passou por diversos modelos de produção. O modelo tradicional nasceu da revolução verde, que foi uma revolução de produção agrícola que ocorreu em meados do séc XX.
Esse modelo foi implantado pelos países do Norte Global na América Latina, com o intuito de intensificar a produção das atividades agrícolas nesses territórios.
Desse modo, começaram a surgir novos maquinários, houve um melhoramento das espécies e um avanço nas questões agrárias, principalmente no que diz respeito às melhorias dos vegetais, como a transgenia.
Esse contexto fez com que houvesse um desenvolvimento nacional de políticas públicas, fundamentado por grandes subsídios em pesquisa agrícola, a extensão rural difusionista (profissionais de agronomia sendo formados) e pelo crédito agrícola.
Já em meados dos anos 80, começaram a surgir faces menos gloriosas da Revolução Verde e seu modelo de produção. A inviabilização dos subsídios do crédito rural fez com que surgissem algumas contestações das formas organizativas desse modelo, além de muitas manifestações agrárias que questionavam esse método.
- Crises sociais: diferentes desigualdades, concentração de renda, de terra e êxodo rural.
- Crises ambientais: escassez e degradação dos recursos naturais e contaminação de alimentos.
“A existência de uma crise alimentar, indica também uma crise no padrão de desenvolvimento desse modelo de produção agrícola pautado pela Revolução Verde.”
O governo tentou conter essas crises através de um plano econômico que elevou os custos de produção e gerou uma queda real dos preços pagos aos agricultores. Essa foi uma estratégia falha, que desencadeou distorções em países com governos incapazes de manter subsídios aos agricultores e assegurar “preços sociais” de alimentos que fossem compatíveis com a renda dos consumidores.
A agroecologia surgiu nesse contexto, pensando num futuro inclusive não só para os seres humanos, mas para todos os seres vivos!
“A crise que a gente passa é uma crise de distribuição. Além disso, tem que ser um modelo de produção que proteja o meio ambiente, o solo, os mananciais etc.” (Guilherme da Silva)
Mas vemkbb, você sabia oque AGROECOLOGIA significa? 🤔
- Equilíbrio entre a natureza, a terra e os seres vivos que nos cercam;
- preservar, ser parte, construir, estabelecer a vida e obter êxito na produção agrícola;
- apropriação das ciências agrárias, valoração dos saberes empíricos para haver a otimização dos saberes técnicos e científicos;
- Tecnologias (ciência e técnica) de base para o desenvolvimento da base;
- Valoração humana, dos camponeses, trabalhadores rurais e urbanos.
Pensar no Futuro da Alimentação é desenvolver tecnologias que otimizem o trabalho humano e as interações sociais, fazer um manejo não predatório da biodiversidade, fomentar um modelo agroeconômico com objetivo produtivo e social e garantir a viabilidade do equilíbrio entre objetivos econômicos, ambientais e sociais.
“Não vai existir futuro da alimentação sem interação da cidade com o campo.” (Guilherme da Silva)
A agroecologia apresenta soluções para diversos desafios:
Na parte econômica, o sistema de cultivo minimiza perdas e desperdícios, trazendo mecanismos que asseguram a competitividade dos produtos agrícolas tanto internamente quanto externamente (economicidade na qualidade do produto e da cadeia produtiva).
Já na parte social, ao gerar emprego a agricultura ajuda na contenção do êxodo rural, impulsionando a geração de renda, condições humanas e dignas de trabalho, segurança e soberania alimentar.
Por fim, na parte ambiental, a agroecologia promove a pluriatividade e multifuncionalidade dos espaços. Desse modo, a implantação de modelos agrícolas que visem a criação de agroECOssistemas, ou seja, um ambiente de produção agroeconômico, adaptado ao ambiente. Isso traz uma menor dependência de insumos externos e racionalidade ecológica no uso de recursos naturais não renováveis.
“É necessário implantar novos padrões na organização social da produção agrícola através da implantação de reforma agrária compatível com as realidades locais.” (Guilherme da Silva)
Depois de todas essas reflexões me diga, caro leitor: Você já parou para pensar como será a comida do futuro?
Estamos passando por um processo de transição da alimentação, onde há um movimento para deixar os alimentos processados e voltar para os orgânicos.
Hoje os alimentos são hipercalóricos, mas não foi sempre assim. No séc XX, a subnutrição alcançava taxas muito altas e muitas pessoas, principalmente as mais pobres, morriam devido ao baixo consumo de nutrientes essenciais à vida. Desse modo, a indústria da década de 80, 90 e 2000 enxergou isso como uma oportunidade de mercado e começou a produzir alimentos cada vez mais calóricos.
Contudo, isso não foi benéfico para a nossa saúde e a partir de 2010, a população começou a pressionar a indústria alimentícia para ter alimentos mais saudáveis: produtos lights, diet, com menos sódio, e sem glúten.
Estamos num momento global de mudanças alimentares. O grande desafio da insegurança alimentar não é a falta de comida, mas a sua má distribuição e consequentemente, a falta de acesso devido aos processos logísticos.
É um absurdo que, em pleno século XXI, poucas pessoas tenham acesso a comida saudável. Vivemos um processo de muita produção devido aos avanços tecnológicos, mas ainda não conseguimos fazer com que essa produção alcance a todos.
“Com a população global prevista para alcançar 10 bilhões de pessoas até 2050, a pergunta que fica é: como conseguiremos alimentar todo mundo?”
A gente só vai conseguir alimentar esse número de pessoas se a gente sair do sistema tradicional de alimentação! Está na hora de viabilizar a agricultura familiar, produzir alimentos que sejam mais escaláveis, fomentar a economia circular, ampliar o acesso a comida e diminuir o consumo de alimentos de origem animal.
Quando a gente olha para a cadeia de alimentos, a gente entende a dimensão do que a gente precisa processar para alimentar as pessoas. Contudo, a nossa estrutura de abastecimento é muito complexa e precisamos ter consciência de todas as dimensões para conseguir pensar em soluções que vão realmente ser inclusivas para toda a população.
Debate doidera, né? Imagina minha cabeça após o encontro 🤯. Mas não quero pirar nessas coisas sozinha e por isso estou dividindo meus aprendizados com você, meu caro leitor.
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Amanda Costa é ativista climática, jovem embaixadora da ONU, delegada do Brasil no G20 Youth Summit e fundou o Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, LinkedIn Top Voices e Creator, TEDx Speaker e atua como vice-curadora no Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.