Minha carne: diário de uma prisão
Reflexões do livro da Preta Ferreira
Fala minha lindeza climática, bele?
Ler é uma atividade que me dá imenso prazer! Me aventuro nos livros de ficção, romance, aventura, drama e também nas histórias reais. Aliás, esses são os livros que mais me cativam, pois retratam a verdadeira história sobre pessoas, relacionamentos e sobre a nosso Brasil.
Minha última leitura foi Minha Carne: diário de uma prisão, da minha querida amiga Preta Ferreira. Essa leitura me trouxe múltiplos sentimentos: revolta, dor, ódio… Mas também risos, felicidade, empatia. Mergulhei num universo que até o momento, estava distante da minha realidade: o encarceramento feminino.
Mas quem é Preta Ferreira e porque ela escreveu um livro?
Preta é uma defensora dos direitos humanos, ativista por moradia e multiartista. Em 2019, foi presa injustamente por defender os direitos da sua comunidade, sendo acusada de extorsão e associação criminosa, pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) da Polícia Civil. Ela ficou presa por 108 dias e nunca foi apresentado provas que comprovassem a sua culpa.
A prisão da Preta é a prova do racismo brasileiro, que escolhe pela cor da pele e classe social, quem tem o direito à liberdade. Em seu livro, Preta contou toda sua jornada na prisão, trouxe reflexões sobre o Brasil colonizador e nos convocou para a luta.
“Meu único crime foi nascer mulher, preta e pobre num país racista, machista, elitista e seletivo. Não aceitar a injustiça de um desgoverno que age contra o pobre. Sigo na certeza de que cada luta travada me diz que estou no caminho certo, de que nasci pra combater os opressores, de que minha luta não é em vão.” (Preta Ferreira)
Eu, como mulher preta e periférica, me senti conectada com a Preta do início ao fim da leitura. Percebi como a branquitude e a elite brasileira se incomodam em ver mulheres pretas letradas, conscientes do seu lugar e que desejam lutar pelos direitos da sua comunidade.
Não faz sentido o Brasil, um país composto majoritariamente por pessoas negras, ser governado por homens brancos machistas, racistas, que não estão preocupados com o futuro dos pobres. Quando denunciamos essa triste realidade, aqueles que estão no poder vão fazer de tudo para nos silenciar e nos mostrar “nosso lugar”. Estão exterminando os pretos, matando o povo das favelas, e isso não acontece somente no genocídio cometido pela polícia. Há um genocídio social, a herança dos 350 anos de escravidão!
A real é que a luta de base, apoiada no conhecimento acadêmico, abala as estruturas sociais e causa medo naqueles que estão no poder. Conhecimento colocado em prática transforma, nos faz reivindicar direitos para o nosso povo e nos mostra que há poder na luta social. O que vai transformar as periferias, comunidades e favelas não será a boa vontade dos políticos, mas será a união do povo preto, pobre e favelado contra esse sistema que nos exclui!
Quando me tornei consciente do sistema de violência, maldade e opressão que me atravessa, senti raiva. Mas estou aprendendo a ressignificar esse sentimento e vibrar na energia do perdão, amor e paz. Como disse a Preta, “toda a perseguição, toda a injustiça e toda a tribulação, em mim, produzem perseverança, que, por sua vez, produz experiências. Eu decidi traçar metas, criar, projetar, realizar.” Quero ficar perto daqueles que emanam luz, vida e positividade, pois afinal, minha luta é contra um sistema racista, não contra pessoas que inconscientemente praticam o racismo.
“Não importa o que te façam de mal. Não importa quanto te julguem, Não seja como eles, Não se deixe abater, Não deixe de ser você, Seja forte, Seja luz, Silencie para se fortalecer, Silencie para renovar, Ressignifique sua dor, Acredite em si mesmo, Acredite na sua luta, Você não está só. Não faça luta sozinha, pois todos nós precisamos uns dos outros, O egoísmo leva à solidão, O amor sempre vence, Não desista, Nossos ancestrais estão nos protegendo, Nada dura para sempre, Bem menos a maldade. Não perca sua fé. Quem não luta tá morto.” (Preta Ferreira)
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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.