Tudo sobre o amor
Uma reflexão sobre o livro de Bell Hooks
Fala minha lindeza climática, bele? :)
Essa semana eu finalizei o livro TUDO SOBRE O AMOR da Bell Hooks e fiquei beeeeeem reflexiva com tudo que aprendi.
Muitos amigos já tinham comentando sobre esse livro, tanto é que comprei no meio do ano passado. Mas sabe quando você deixa o livro de lado, no cantinho do quarto e nada te motiva para começar a ler?
Antigamente a miha tática era me forçar a ler na marra, mas desde que descobri que força de vontade não funciona, decidi mudar as minhas estratégias. Hoje sinto que os livros são como portais mágicos, que nos levam para outra dimensão e que chegam até nós no tempo certo.
O livro Tudo Sobre o Amor de Bell Hooks voltou para a minha vida por conta de uma imersão que fiz no Rio de Janeiro, o encontro do Novas Narrativas Evangélicas. Durante o programa, conversei com a Lorena Fadi, que abriu seu coração, me contou seu processo para encontrar o amor e comentou sobre a importância que essa leitura teve em sua vida.
Então assim que voltei para São Paulo, senti que era o momento de respirar fundo e me jogar nessa leitura.
Foi um momento tãaaao especial! Cada página falava diretamente com a minha alma, me desconstruindo, construindo e reconstruindo. Agora quero compartilhar contigo, minha querida leitora, alguns aprendizados que tive durante o processo.
Bora? :)
O livro Tudo sobre o Amor: novas perspectivas foi publicado no ano de 2000 nos Estados Unidos, sendo o primeiro livro da Trilogia do Amor. Ele foi seguido de Salvação: pessoas negras e o amor (2001) e Comunhão: a busca feminina pelo amor (2002).
O primeiro livro foi dividido em 13 cápitulos e aborda os diferentes tipos de amor. Muitas de nós, gatas garotas, estamos acostumadas a olhar apenas para uma forma de amar, mas Hooks apresenta o amor em sua diversidade, como o amor da família, amigos, trabalho, comunidade, divino (espiritualidade) e também, o amor romântico.
Apesar de Hooks falar a partir da perspectiva de uma filósofa estadunidense, suas reflexões se encaixam na realidade dos brasileiros, pois assim como os EUA, também sofremos com as mazelas do racismo, sexismo, homofobia, imperialismo e exploração.
“Se o desamor é a ordem do dia no mundo contemporâneo, falar de amor pode ser revolucionário.” (Bell Hooks)
Eu cresci num lar cristão, tive pais amorosos e me senti protegida desde pequena. Percebi o amor nos detalhes, numa mistura de vários sentimentos, como afeto, carinho, aceitação, pertencimento, proteção, respeito, compromisso, confiança, honestidade e comunicação aberta. Apesar de ter experimentado o amor desde criança, sei que não da para romantizar a parada e dizer que a nossa sociedade está pronta para amar.
Numa sociedade capitalista, o amor pode ser facilmente trocado pela ganância e pelo desejo pelo poder e domínio. Quando isso acontece, uma intensa ausência emocional e espiritual nos atravessa e somos invadidos pela avareza material e consumo desenfreado. Nessa lógica, o narcisismo saudável (a autoaceitação e a percepção do próprio valor, pedras fundamentais do amor-próprio) é substituído por um narcisismo patológico (em que apenas o “eu” importa), usado para justificar qualquer ação que permita a satisfação de desejos.
“A adoração do dinheiro leva a um endurecimento do coração. E isso pode levar qualquer um de nós a justificar, ativa ou passivamente, a exploração e a desumanização dos outros e de nós mesmos.” (Bell Hooks)
Mas calma, nem tudo está perdido!
Todos nós podemos ser transformados pelo amor, mas isso é um processo que exige tempo. A maneira como trabalhamos nos deixa tão exaustos, cansados e estressados que quando não estamos trabalhando, estamos física ou emocionalmente esgotados para praticar a arte de amar.
Pois é, minha querida leitora, isso também aconteceu comigo.
Como empreededora social, ativista e internacionalista, por muito tempo me vi engolida pelas demandas e necessidades dos meus projetos e não tive tempo para fazer nada além de trabalho.
Aí eu te pergunto: como separar vida pessoal e profissional quando seu trabalho, estudos e ativismo tem um mesmo tema?
Ser ativista climática, viver por uma causa e ter um desejo ardente de transformar o mundo não é fácil, mas aos pouquinhos, sinto que vou encontrando o meu caminho. Me abri para o amor da família, dos amigos, do divino, da comunidade e também, para o amor romântico.
Quando percebi que separar um tempo de descanso também era separar um tempo para amar, passei a me permitir deixar o trabalho de lado e passar mais tempo com minha família, amigos, Deus, crush climático e comigo mesma. Nesse processo, aprendi a me amar, me respeitar e honrar os meus limites. A minha bondade comigo mesma me levou a me conectar genuinamente com meus semelhantes e finalmente, aprendi a conversar com meu coração e escutar oque ele gostaria de dizer:
“É possível falar diretamente com o nosso coração. A maioria das culturas mais antigas sabe disso. Podemos de fato conversar com o nosso coração como se ele fosse um bom amigo. A vida moderna se tornou tão atribulada com os afazeres e pensamentos diários que perdemos essa arte essencial de reservar um tempo para conversar com o nosso coração.” — Jack Kornfield
Querida leitora, amar exige coragem e aprender como encarar nossos medos é uma forma de abraçar o amor. Talvez o medo não vá embora logo de cara, mas se fizermos essa escolha, ele já não ficará mais no caminho. Aqueles que escolhem adotar uma ética amorosa, permitindo que ela governe e oriente o modo de pensar e agir, simplesmente brilham. E ao deixar nossa luz brilhar, atraímos e somos atraídos por outras pessoas que também mantêm sua chama acesa.
Querida leitora, amor é um verbo infinito, que se manifesta no coletivo. Nunca estamos sozinhos quando decidimos amar ❤
A prática de amar é a força curativa que nos traz paz duradoura. É a prática do amor que transforma. Conforme alguém dá e recebe amor, o medo vai embora. (Bell Hooks)
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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.