Se não eu quem vai fazer você feliz? — Minha história de amor com Chorão
Uma reflexão sobre o livro de Grazi Gonçalves
Tudo começou na academia.
Passei no nutricionista e decidi ousar no projeto #GostosasPeloClima, cuidando da minha alimentação e pegando pesado nos treinos. Para encarar esse desafio, decidi escutar o podcast no Joel Jota, o #JotaJotaPodcast. Rolei a lista para o comecinho e dei play no segundo episódio, “Como se reinventar”, da Grazi Gonçalves.
Até o momento eu não conhecia a Grazi. Mas logo me encantei pelo jeito doce, simpático e profundo da Grazi de falar. Com o passar do tempo, percebi que ela era ninguém mais ninguém menos que a musa inspiradora do grande poeta do século XXI, o Chorão da banda Charlie Brown Jr.
No podcast Grazi falou do seu livro, que conta como foi a vida ao lado de seu grande amor. Desde o tempo em que passava no cafofinho, o flat que o Alexandre (Chorão) morou quando se mudou para Santos, até o final de sua vida, quando ele foi encontrado morto num ap em São Paulo, por conta de uma overdose causada pela droga cocaína.
“Aprendi que não estamos no controle de nada, a não ser das nossas próprias escolhas, e que, a partir delas, podemos criar esta ou aquela realidade.” (Grazi Gonçalves)
Grazi teve uma sensibilidade, ousadia e simplicidade indescritível, quando decidiu abrir seu coração e contar como eram os bastidores ao lado de Chorão. O que mais me chamou a atenção foi perceber como nós mulheres, muitas vezes esquecemos de nós mesmas para apoiar nossos companheiros.
Em determinado momento, isso também aconteceu com a Grazi, mas ela resolveu mudar.
Com cerca de 30 anos, ela decidiu estudar moda no Senac. O Alê, que tinha um comportamento ciumento e explosivo, não gostou da ideia e pediu para Grazi escolher: os seus estudos ou seu relacionamento.
Apesar de ser completamente apaixonada e achar a ideia de perder seu amor sufocante, ela escolheu a si mesma. O casal se separou e Grazi começou a faculdade. No entanto, o Ale percebeu que estava sendo bobo e não queria perder o amor de sua vida por uma besteira ciumenta. Então logo pediu para voltarem. Eles oficializaram o retorno num casamento e voltaram a ser cúmplices no romance e na carreira, a qual Grazi apoiava na parte de Relações Públicas e na agenda do cantor.
No palco Chorão era perfeito, sabia cativar a galera e encantar seus fãs. Mas nos bastidores, ele lidava com muitas questões que a fama, o ego e a falta de privacidade trazem. A história de Charlie Brown Jr. foi marcada por um sucesso estrondoso, mas também por muitas explosões, brigas e rompimentos com os integrantes da banda, produtores e funcionários.
“Aprendemos que o sucesso, a fama e o reconhecimento são coisas fugazes que, mesmo tendo muita importância na vida de um artista, não devem ser levadas muito a sério.” (Graziella Goncalves)
Grazi viveu toda a intensidade dessa história ao lado de Ale, mas aos poucos, ela o perdia para a depressão e drogas. Dois amigos de Chorão, os skatistas Glauco e o Tarobinha, se converteram ao cristianismo e tentaram apresentar um outro mundo para o cantor. Ele chegou a ir num culto na igreja Bola de Neve em São Paulo, mas não permaneceu na caminhada cristã.
Apesar dos esforços da sua amada, amigos e família, nosso poeta se afundava mais e mais, se entregando nos delírios temporários da cocaína. Ele chegou a buscar ajuda, mas não deu seguimento ao tratamento e uma fatalidade aconteceu: sua trágica morte por overdose.
Foi um período difícil para todos, mas principalmente para aqueles que estavam perto. Após a morte de Chorão, Champignon assumiu a liderança da banda mas se suicidou 6 meses depois. Vivendo seu luto, Grazi já não estava próxima da galera, pois assim que o Ale morreu, uma parte de seu mundo foi enterrado junto com ele.
A musa inspiradora de Chorão decidiu transformar seu luto em história, sua dor em um relato. Demorou um bocadinho para que ela se sentisse pronta, pois o amor de sua vida também era um dos maiores ídolos do rock nacional brasileiro e ela não imaginava se o livro seria aceito. No entanto, a narrativa foi um sucesso! Além de nos presentear com uma narrativa de amor, luta e cumplicidade, Grazi esgotou seu livro três vezes!
“Quando olho em retrospecto, percebo que a minha busca era por uma página em branco, um jeito de reescrever uma história que fosse só minha, onde não existisse dor.” (Grazi Gonçalves)
Essa leitura me fez perceber que somos poesias em movimento e que a frase “atrás de um grande homem sente tem uma grande mulher” nunca esteve tão errada. As mulheres não estão atrás, estamos ao lado! Chorão teve uma carreira incrível e um impacto profundo na vida de milhões de brasileiros porque teve uma companheira ao seu lado, que o aconselhou, acolheu e apoiou nos momentos mais desafiadores de sua existência.
Grazi acreditou na história do Ale, ela acreditou no seu potencial e no seu brilho. E como alguém consciente de seu valor, ela também entendia que tinha grande influência, mas não tinha controle sobre a vida de seu amado. Ele fez as suas próprias escolhas e infelizmente, pagou um alto preço…
“Compreendi que eu, e apenas eu, sou responsável pela minha vida.” (Grazi Gonçalves)
Querida leitora, super recomendo esse livro! Acredito que assim como eu, você vai se emocionar com a história da musa inspiradora de um dos maiores poetas do nosso século ❤
Ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU e fundadora do Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda é Embaixadora Cultural dos EUA (IVLP — International Valuable Leadership Program) e Jovem Consultora do British Consul (Climate Skills e #90YouhVoices — UK). Reconhecida como #Under30 na revista Forbes, é TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices, LinkedIn Creator e já participou de 5 conferências oficiais das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, sendo elas COP 23 — Bonn (Alemanha), COP 24 — Katowice (Polônia), COP 26 — Glasglow (UK), COP 27 — Sharm El Sheik (Egito), COP 28 — Dubai (Emirados Árabes).