O Oceano da Vida

Cáp. do Livro: Se joga que aqui tem rede — Um desmanual de aprendizagem autodirigida

Amanda da Cruz Costa
7 min readNov 22, 2020

“O futuro da educação é plural e complexo. Não são em escolas lineares, mas sim em comunidades de aprendizagem que abraçam a autonomia e a vulnerabilidade.” (Luis e Amanda, Os Anjos de Aprendizagem)

Oi lindezas! Aqui quem escreve é a Amanda, mas pode me chamar de Amandinha, pois já somos íntimos (mal conheço, mas já te considero p4k4sss).

Em junho de 2020 recebi um dos convites mais marabrilhosos da minha vida: ser uma tutoras do MoL, uma comunidade de aprendizes autodirigidos de tooodo o Brasil! Minha utopia estava se transformando em realidade: trabalhei com meus amigos, experimentei o poder da rede e entreguei meu coração em cada encontro desta jornada!

Tudo isso se intensificou quando o Alex Bretas me chamou para co-escrever esse livro, juntamente com os outros tutores. Meu primeiro pensamento foi:

Wowwwww, que chiqueeeee! Mas será que dou conta? Ahhh, sei lá! Vou me jogar e ver no que da.

E aqui estou eu, sem saber direito o que estou fazendo, mas com o coração quentinho pela oportunidade de transbordar parte da experiência que vivenciei no Masters of Learning (MoL).

Assim que a jornada começou, marquei um papo com o Luis Sérgio Ferreira (o famosíssimo tiktoker do @Reaprendiz). Meu objetivo era para conhecer sua trajetória e aprender algumas táticas para ser uma celebridade descolada do Tiktok (Vocês sabiam que o Lissérgio tem mais de 108k de seguidores? hehehe).

Nosso papo foi tãoooo incrível que eu decidi que ele seria meu buddy! Aprendi no Desafio 30 Dias de Hábitos de Aprendizagem do Alex Bretas a ser intencional nas minhas escolhas, seja relacionada a Conteúdos, Experiências, Pessoas ou Redes (CEP + R). Assim que eu escutei o Luís, pensei: QUERO ANDAR COM ELE NO RECREIO!

Uma das formas mais estratégica de se aproximar de uma pessoa, é convidá-la para ser sua parceira de aprendizagem, pois essas trocas possibilitam pontos de sinergia, conexões profundas, liberdade e intimidade num espaço seguro. Contudo, é necessário preparar o ambiente para que essa relação se torne possível, e tudo começa quando uma das partes aceita fazer “o convite”.

“Fazer convites nos coloca numa posição de extrema vulnerabilidade.”

Para ter o Luís como o meu companheiro de aprendizagem, decidi mostrar as entranhas da minha alma e ser TOTALMENTE sincera, deixando minhas intenções bem explícitas logo em nosso primeiro café online. Depois de um longo debate interno, lembro de juntar coragem e dizer:

Olha Luís Sérgio, eu preciso te revelar uma coisa. Eu pedi para ter essa conversa virtual contigo por que vejo muita potencial em você e quero capturar parte da potencia que você transborda! Estou aprendendo a ser intencional nos meus pensamentos, nas minhas ações e nas minhas relações e desejo aprofundar meu relacionamento contigo. Admiro sua leveza, criatividade e infantilidade, você é um ótimo influenciador e quero trocar contigo! Quer ser meu buddy?

Queridos, foi uma das coisas mais ousada, ambiciosa e cara de pau que já fiz na vida! Apesar de ser suuuuper comunicativa, não é fácil expor minha vulnerabilidade e abrir meu coração. Tive medo de ser rejeitada, mal interpretada e tachada de doida, mas escolhi silenciar os meus medos e arriscar num mar incerto.

Assim que eu terminei de falar, Luís abriu um sorrisão e disse:

Amandinha, querida! Eu estava pensando em te fazer esse mesmo convite. Eu topo sim, também tem coisas em você que eu admiro e quero aprender. Seremos buddy de aprendizagem um do outro, mas vamos pensar em um nome mais legal?

Depois de um toró de ideias bemmmm divertido, decidimos pela nomenclatura “anjos de aprendizagem”. pois percebemos que o nosso papel enquanto buddies era ser uma espécie de “anjo da guarda” um do outro, apoiado, protegendo e dando liberdade para cada um protagonizar as próprias aventuras.

Uma das maravilhas de ter um companheiro de aprendizagem é encontrar refúgio durante as investigações, pois esse caminho pode ser divertido, assustador, desafiador, estimulante ou paralisante. Ter um parceiros de trocas é essencial para que o aprendiz persista até encontrar seu objetivo.

Nós dois escolhemos perguntas de aprendizagem complexas: o Luís optou por investigar questões relacionadas a educação livre e informal e eu optei por pesquisar a temática do racismo estrutural:

Amandinha: O que eu posso fazer para investigar o racismo estrutural a partir do meu lugar de fala?

Luís: Como melhorar a minha capacidade de facilitar e desenhar comunidades de aprendizagem?

Desbravar o caminho de aprendizagem autodirigida pode se mostrar complexo e desafiador, pois é uma atividade que afronta diretamente o status quo e quebra a lógica heteronormativa dominante de conhecimento tradicional. Por isso, escolher alguém para compartilhar as aventuras da jornada é algo mágico, essencial e estratégico!

Investigar uma pergunta de aprendizagem autodirigida é como desembarcar numa ilha misteriosa que esconde um precioso tesouro. Você pode escolher ir sozinho ou selecionar um tripulante corajoso para te acompanhar durante o trajeto. (Luís Sérgio)

Cada semana, era uma descoberta! Meu buddy virou meu amigo, meu confidente e meu conselheiro de jornada. Foi preciosíssimo encontrar apoio num anjinho de aprendizagem disposto a ouvir e compartilhar vitórias e derrotas, conquistas e fracassos, erros e acertos. Ao longo do tempo, meu buddy se tornou um lugar seguro que inspirou liberdade e confiança, um coração disposto a ouvir, aconselhar e transbordar.

Por conta dessas trocas, fizemos algumas descobertas interessantes:

  • A frase “trabalhe com o que você ama, e você nunca mais precisará trabalhar” é a maior MENTIRA! Quando trabalhamos com o que amamos, damos a nossa vida para fazer o projeto dar certo. Ressignificamos essa frase para “trabalhe com o que você ama, e você trabalhará MUITO mais! Mas esse será um rolê divertido, prazeroso e repleto de momentos de flow”.
  • Nem sempre a protelação significa preguiça! É necessário parar, respirar e investigar os vieses inconscientes que nos levam para o lugar de fuga. Evite o autojulgamento, se acolha, reflita sobre as causas da protelação e coma um chocolate.
  • Aproveite a jornada, celebre as pequenas vitórias e repita: isso não é nem a sombra daquilo que está por vir!
  • Nunca se conforme com sua fase atual. SEJA GRATO, MAS NUNCA CONFORMADO!
  • Estabilidade não existe, equilíbrio muito menos. Feche os olhos, se jogue no desconhecido e confie no processo!

Queridos, foi tãaaaao mágico descobrir essas preciosidades! Em um dos nossos momentos de brisa filosófica, Luís e eu descobrimos a potência da Ilha de Presença:

ILHAS DE PRESENÇA

A nossa vida é como um oceano misterioso: um mix de oportunidades, desafios, conquistas, derrotas, amores, decepções, flagelos, diversão, protelação, momentos de tédio, euforia, silêncio, escuridão, desconfiança, confiança, liberdade, aventuras, persistências, aprendizados e uma lista infinita com experiências, sensações e emoções.

Dependendo da fase, podemos navegar por um mar revolto ou estar flutuando a eira, boiando no silêncio da reflexão. A nossa jornada de educação livre e autodirigida é do mesmo jeito: às vezes surfamos na onda do descobrimento e outras tomamos um caldo com a arrebentação da maré raivosa.

Conforme abandonamos nossos medos, inseguranças e incertezas para mergulhar na profundidade das ondas, descobrimos paisagens inimagináveis no oceano misterioso da aprendizagem autodirigida.

Durante essa natação curiosa, podemos nos cansar no meio do percurso. Neste momento, temos a oportunidade de parar numa ilha paradisíaca, com o objetivo de respirar e desfrutar um momento de paz.

Quando temos um parceiro de aprendizagem, esses momentos não são solitários. Nosso buddy também chega na ilha, ora cansado ora entusiasmado, mas sempre feliz em nos encontrar para o momento mágico de compartilhamento.

ESSA É A ILHA DA PRESENÇA!

Enquanto um buddie pega as caldeiras de praia e o guarda sol, o outro prepara uma água de coco e uma porção de camarão, para que ambos possam ter um tempo de delícia frente ao oceano misterioso.

Esse momento é mágico! Os parceiros de aprendizagem tem liberdade para revelar segredos profundos, compartilhar técnicas recém descobertas e se apoiar no processo de autodireção.

Autodireção não é sinônimo de solidão. Autodireção é sinônimo de liderança, vulnerabilidade e rede! É se enxergar como um exímio nadador, mas saber os momentos de parar para se aperfeiçoar na Ilha da Presença.

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Querido leitor autodirigido, obrigada por ter chegado até aqui! Te incentivo a procurar um anjinho de aprendizagem e a curtir as delícias das ilhas de presença durante a sua navegação no oceano de educação livre.

A nossa liberdade começa na nossa capacidade de fazer boas escolhas! (Autor desconhecido)

Esse texto faz parte do livro coletivo, “Se joga que aqui tem rede — Um desmanual para comunidades de Aprendizagem Autodirigida”, que será escrito pelo Alex Bretas, Ana C. G. Marques, Luis Sérgio Ferreira, Isadora Martins, Su Verri, #CianoBu e euuuuuzinha =D

Me acompanhe nas redes para saber sobre o lançamento :)

Ecofeminista antirracista atuante em temas globais. Formada em Relações Internacionais, Amanda empreende o PerifaSustentavel, é colunista da Agência Jovem de Notícias e atua como mobilizadora de redes do Youth Climate Leaders. Entusiasta pela Agenda 2030, tem o objetivo de mobilizar jovens para construírem um Brasil inclusivo, colaborativo e sustentável, através das redes Embaixadores da Juventude, Engajamundo, Climate Reality Project, Global Shapers Community e United People Global.

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Amanda da Cruz Costa
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Written by Amanda da Cruz Costa

#ForbesUnder 30 | Conselheira Jovem da ONU | Dir. Executiva do Perifa Sustentável

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