O direito de me sentir gostosa

Amanda da Cruz Costa
2 min readApr 8, 2024

Mulheres negras são constantemente estereotipadas.

Quando criança, lembro de escutar comentários sobre o meu corpo dirigidos aos meus pais:
- Olha a bundinha dela, parece uma tanajura!
- Que corpinho bonito, ela é uma mulata da cor do pecado.
- Quando crescer ela pode ser a globeleza. Ela já sabe sambar?

Será que esses comentários também são dirigidos para crianças brancas?

Em seu livro o Genocídio do Povo Negro, Abdias Nascimento diz que nos anos 70 havia um dito popular que dizia, “a mulher branca serve para casar, a preta para trabalhar e a mulata para fornicar.”

Para fugir desse imaginário racista, a saída que encontrei foi a infantilização. Falava de forma “fofinha”, usava muitos laços e sempre vestia roupas que traziam uma sensação ingênua, imatura e juvenil. Afinal de contas, as crianças não são desejadas, as crianças são protegidas, cuidadas e amadas.

E no fundo no fundo, oque toda mulher negra quer é PERTENCER.

Conforme fui desenvolvendo consciência racial, percebi as micro-agressões que me atravessavam. Decidi abandonar o “Amandinha” e me tornar a “Amanda Costa”, fazendo uma transição intencional de menina para mulher.

Logo encontrei outro desafio: a sexualização do corpo negro.

Conversando com minha mentora Egnalda Cortes, entendi que as mulheres negras mais experientes fizeram de tudo para se afastar do lugar de desejo. Evitavam usar roupas curtas, usavam pouca maquiagem e adotavam uma energia masculina, com o intuito de serem respeitadas no ambiente de trabalho.

Essas mulheres precisaram escolher seu personagem. Ou eram lidas no estereótipo de gostosa e sofriam diversos assédios ou eram lidas no estereótipo de trabalhadeiras, que trazia a valorização no mercado profissional mas também resultava numa intensa e profunda solidão.

Os tempos passaram e os debates avançaram, mas ainda há muitas questões a serem resolvidas. Antes de postar essa foto, refleti:
- O que será que minhas lindezas climáticas vão pensar?

Eu não sei o que você vai pensar e quer saber a real? Eu não tô nem aí.

O que quero é resgatar o meu direito de ser gostosa, intelectualizada, ativista, inteligente e o mais importante: JOVEM.

Por muito tempo, esse mundo racista tentou pré-determinar quem eu iria me tornar. Hoje eu só quero ser uma gostosa climática que posta foto de biquíni com textões com reflexões antirracistas nas rede sociais ❤

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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.

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Amanda da Cruz Costa

#ForbesUnder 30 | Conselheira Jovem da ONU | Dir. Executiva do Perifa Sustentável