O avanço do neoliberalismo
Aula 02 da disciplina Estado, Participação política e Mudança social da USP
Olá minha lindeza climática ❤
Se você me acompanha nas redes sociais, tá sabendo que me tornei aluna especial da USP — EACH (muitoooo chique) e estou cursando a disciplina de Estado, Participação Política e Mudança social do prof Dennis Oliveira (se perdeu esse babado é só ler meu primeiro artigo, que conto tuuudo).
Para a segunda aula, o prof nos pediu para ler o livro Estado e a Forma Política, do Allyson Leandro Mascaro. Eu achei o livro complexo, pesado e desafiador de ler, mas ao mesmo tempo, extremamente essencial para fazer uma crítica mais profunda sobre a forma política que constitui os Estados.
O prof Dennis iniciou a aula trazendo as concepções de neoliberalismo e de movimentos sociais. Enquanto o primeiro propõe a presença do Estado mínimo, o segundo assume como papel do Estado a garantia do bem-estar social.
Talvez nesse momento você queira sair correndo gritando: “Amandaaaa, eu não gosto de políticaaaa”. Mas calma aí calabresa, o ser humano é um ser político por excelência, Estamos vivendo uma profunda crise e precisamos compreender a lógica atual para que assim, possamos desenvolver as ferramentas necessárias para promover mudanças.
Basicamente, a política é a atividade do Estado, ou seja, o que o Estado faz para garantir o bem-estar da sua população. Por sua vez, Estado significa a burocracia social que não necessariamente vem da classe dominante (burguesia), mas que vai operar a favor desta classe.
“Quando as estruturas burguesas se consolidam em torno do Estado, a política se materializa.” (Dennis de Oliveira)
De acordo com o pensador Max Weber, quando há a consolidação da política do Estado, a burocracia se faz necessária para o funcionamento do capitalismo. Isso significa que o Estado se tornou um instrumento da classe dominante, desse modo, se as classes dominadas desejam mudanças, elas precisam tomar o Estado para si.
O Estado é a forma política do capitalismo
Querida leitora, preciso trazer o papo reto: a liberdade burguesa democrática é uma liberdade fundamentada na lógica de produção e consumo. Apesar do neoliberalismo propor uma produção Toyotista, com uma economia sofisticada, maior flexibilização da produção e consumo customizado, ainda assim é necessário superar esse modelo e repensar a distribuição de renda da população, garantindo políticas compensatórias para aqueles que historicamente, foram sistematicamente excluídos dessa dinâmica.
Hoje vivemos numa crise política e econômica sem limites. De vez em quando o governo fornece soluções, mas elas são sempre a curto prazo e não resolvem o problema complexo que estamos inseridos. Não dá para fecharmos os nossos olhos para a precarização do trabalho, fragmentação do Estado e a dialética contraditória de competição e disputa que o neoliberalismo propõe.
“Se o Estado autoritário estabelece fronteiras de pleno exercício de direito, precisamos pensar política para além de sua subjetividade!” (Dennis de Oliveira)
O pensamento neoliberal estabelece para o indivíduo a responsabilização por seu sucesso ou fracasso, inviabilizando todos os marcadores históricos, sociais e estruturais que moldaram a sociedade brasileira. E sabe o que é pior??? Está surgindo um discurso neofascita que culpabiliza o Estado progressista por censura, invocando um discurso dos direitos humanos.
Quem nunca ouviu aquela frase:
O Estado não pode me reprimir ou processar por um discurso racista, pois estou dando apenas a minha opinião e tenho o direito à liberdade de expressão.
Percebe que há uma inversão da lógica, onde o campo progressista é colocado como os ditadores???
Parece até piada ver a retomada da ideia de liberdade sendo usada para questionar as políticas públicas a sujeitos que historicamente foram discriminados… Isso acontece porque a ordem política é produto da ordem econômica, então aqueles que possuem acesso aos recursos vão fazer de tudo para determinar a narrativa dominante.
Uma vez no poder, a esquerda optou por não transformar o Estado, mas gerenciar ele como ele é. Estar no governo não é necessariamente estar no poder, a política é um jogo cheio de complexidades e ditos não ditos. Está na hora de desenvolvermos estratégias para lidar com as dificuldades e tensões que vão surgindo pelo caminho.
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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.