Desabafo de uma jovem empreendedora
“Ninguém nasce mulher. Torna-se mulher.” (Simone de Beauvoir)
Minhas queridas lindezas climáticas, acho bom escurecer algumas coisas por aqui: quero falar de mim, a partir do meu lugar de existência.
Para isso, é importante contextualizar que vim de uma família inter-racial, classe média, da periferia sim, mas não de uma favela, atravessada por intersecções que transbordam o lugar geográfico.
Dito isso, vou compartilhar com vocês incertezas, verdades e descobertas que minhas 25 primaveras me permitiram viver.
A real é que eu demorei muito para acolher a MULHER que me tornei… Numa sociedade estruturalmente machista, agir de forma “feminina” muitas vezes é considerado mostrar fraquezas. Para conseguir “alcançar sucesso”, me afastei de tudo que remetesse ao estereótipo de mulher frágil, ou seja, a figura da “bela, recatada e do lar”.
Algumas atividades que eram associadas ao feminino tinham o meu ranço, como afazeres domésticos (cozinhar, limpar a casa, lavar banheiros), a vaidade (para ser mais prática parei de fazer as unhas e de usar maquiagem no dia a dia) e eu não tinha paciência para alguns assuntos, como roupas, joias e boymagia.
Aprendi muito cedo a me identificar com o que uma sociedade patriarcal considera habilidades “masculinas” e de sucesso, como longas jornadas de trabalho (12h, 14h/dia) e uma postura profissional de muita garra, persistência e ousadia.
Contudo, sustentar esse lugar não é fácil e eu precisava me provar a todo instante.
Passei a aceitar muitos convites para palestrar de forma gratuita, postava todos os dias no LinkedIn e me dedicava a desafios cada vez maiores, mesmo sem ser reconhecida por isso.
Mas, ao repetir comportamentos como este, eu experimentei a dádiva ilusória do sucesso. Sempre escuta a frase:
Wowww Amanda, você faz tantas coisas! Como eu faço para ser assim, tão nova e produtiva?
A questão é que eu não estava sendo EFETIVA, mas sim produtiva. Eu investia toda a minha energia em trabalho, passei diversos finais de semana e feriados trancada no quarto, ora estudando ora fazendo algum trabalho de ativismo voluntário…
Fui muito dura comigo mesma e entrei numa obsessão louca por produtividade, resultados e entregas, pois afinal de contas, eu queria performar tudo aquilo que esperavam de mim. Me afastei dos relacionamentos que estavam além do trabalho/ativismo/voluntariado, esqueci da família, dos amigos e deixei os crushs de lado… Eu só conseguia pensar em como acelerar a minha carreira!
Mas com o tempo, eu despertei desse falso ideal de sucesso. Foi um processo para fazer as pazes com meu feminino e me conectar comigo mesma. Dividi essa questão com Jesus, dei mais valor para momentos na natureza (parques, praias, montanhas) e abracei uma parte de mim, que costumo chamar de “Dolores Mimada” agora com amor (a minha versão não tão bela assim rs).
Me encontrar tem sido um movimento potente!
Comecei a investigar minha ancestralidade e alimentar habilidades para além do trabalho, como a dança, escrita e desenhos (minha forma criativa de expressar sentimentos). Desconstrui a visão romantizada que criei do masculino, coloquei de lado padrões irrealistas e aceitei que eu sou SIM uma líder nata, sei onde quero chegar e estou disposta a fazer alguns sacrifícios para alcançar meus maiores sonhos, contudo, sem perder a mim mesma enquanto pessoa e mulher.
“Aprendi a manter tanto a doçura, o entusiasmo e a alegria da Amandinha quanto a coragem, a força e a liderança da Amanda Costa.”
A sociedade tentou me rotular, mas desafiei o status quo e quebrei padrões: tomei consciência de quem sou e decidi criar a minha NÃO-CAIXA.
Agora estou aqui: vivona e vivendo, dividindo esse processo com você, minha lindeza climática. Você já passou por algo similar? Me conta nos comentários!
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Amanda Costa é ativista climática, jovem embaixadora da ONU, delegada do Brasil no G20 Youth Summit e fundou o Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, LinkedIn Top Voices e Creator, TEDx Speaker e atua como vice-curadora no Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.