Democracia para quem?
Aula 03 da disciplina de Estado, Mudança Social e Participação Política, do prof Dennis de Oliveira (USP)
Olá minha gata climática ❤
As aulas na USP estão incríveis e neste terceiro encontro, abordamos os ensinamentos de Marx para aprofundar nossa discussão. O professor Dennis de Oliveira iniciou a aula trazendo a construção de pensamento do Marx que divide o pensamento formal:
- A = A
- B = B
- A ≠ B
E a dialética
- Interpretação dos contrários
- Transformação da quantidade em qualidade
- Negação da negação
“O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações.” (Karl Marx)
Para quem não é da área, pode parecer um pouco complexo tratar sobre esse assunto. Para ter fundamento na discussão, utilizamos textos do Alysson Leandro Mascaro (Direito e Práxis), do Louis Mascaro (Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado) e da Marilena Chauí (O que é ideologia?).
Confesso que são textos complexos, chatos e difíceis (espero que meu professor não esteja lendo meus artigos rs), mas extremamente essenciais para ampliar nossa compreensão dos tópicos discutidos em sala de aula.
Cada artigo traz uma abordagem específica. No caso de Mascado, ele salienta que o Estado é a forma política do capitalismo. Isso significa que o Estado é essencial para viabilizar a forma do sistema capitalista, estabelecendo uma certa ordem econômica que vai possibilitar uma lógica de reprodução do capital.
No capitalismo, a crise não é um evento esporádico, mas sim a forma como o sistema se reorganiza. De forma cíclica, a crise do capitalismo representa uma contradição entre as forças produtivas trabalhadoras. Para o Estado se reorganizar, ele pode recorrer a duas opções:
- Guerra: destruição das forças produtivas ou
- Revolução: readequação do sistema.
Não há mistério para saber qual opção os líderes mundiais estão escolhendo. 🤡
“A crise é um produto do capitalismo e não um problema de gestão.” (Dennis de Oliveira)
Quando foi idealizado, o socialismo foi desenhado para acontecer primeiro nos países mais desenvolvidos tecnologicamente. No entanto, a revolução aconteceu em países periféricos, como Rússia e Cuba, que faziam parte do eixo imperialista mais frágil do capitalismo.
Ideologias e Aparelhos Ideológicos do Estado
A ideologia se materializa em prática social, nos aparelhos ideológicos do Estado (Estado enquanto forma de organização social). Como exemplo, cito a Igreja, os Meios de Comunicação em massa, a Escola e a Família.
De modo geral, os Aparelhos Ideológicos do Estado são uma ampliação do próprio Estado, isto é, uma forma de aumentar sua forma de dominação e exploração do trabalhador.
“O principal aparelho ideológico do Estado é a escola, pois adota uma postura pouco crítica e mais tecnicista, que apenas forma mão de obra qualificada para o capital. A escola tem uma dimensão de disciplina. Ela forma um sujeito disciplinado para o capital, com bom comportamento e adequação.” (Dennis de Oliveira)
É neste contexto que entra a diferença entre processo e projeto. Enquanto o primeiro simboliza fenômenos reproduzidos sem sujeito, o segundo se caracteriza por ser uma ação intencional, onde o sujeito é protagonista da história.
Querida leitora, voce acha que a lógica capitalista se baseia em PROCESSO ou PROJETO?
Temos uma estrutura social toda fundamentada em processo! Portanto, é necessário encontrar a ruptura epistêmica e romper com a lógica de pensamentos que reproduz diversos fenômenos sem o sujeito
Porque o capitalismo neopentecostal cresceu?
Nos últimos anos, vimos a ascensão do neopentecostalismo em muitos lugares do mundo. Essa é uma construção que partiu do Calvinismo e serve a lógica do capital, pois valoriza o enriquecimento a partir do esforço individual.No Brasil ele serviu para desmobilizar os movimentos sociais e hiper valorizar o sentimento meritocrático.
Quem nunca escutou aquelas famosas frases?
- Você é responsável pelo seu sucesso.
- Trabalhe enquanto eles dormem.
- Basta se esforçar que você vai conseguir!
Querida leitora, por favor não me leve a mal. Eu adoraria que o esforço individual me ajudasse a realizar todos os meus sonhos e objetivos, mas quando trazemos essa narrativa como central, estamos inviabilizando todos os fatores históricos e sociais que moldaram a nossa sociedade.
“A ideologia é um mascaramento que impede a plena compreensão de fenômenos históricos.” (Marilena Chauí — O que é ideologia?)
A ideologia se tornou um elemento que justifica tecnicamente e até mesmo cientificamente a lógica do capitalismo. Por isso falar sobre esse assunto pode gerar desconfortos, temos traços meritocráticos, individualistas e competitivos tão enraizados dentro de nós que fica difícil romper com esse padrão. A todo momento estamos recebendo estímulos de uma indústria cultural de categoria epistêmica, que molda a maneira como pensamos, sentimos e agimos.
Desse modo, é essencial construir um pensamento teórico emancipado que supere essa ideologia que é utilizada como arma de dominação. Precisamos nos organizar no coletivo, fortalecer os movimentos sociais e resgatar o nosso direito de sonhar. Já pensou como seria uma sociedade igualitária, sem machismo, racismo e sem injustiças?
Pois é, lindeza climática, o pensamento filosófico não é neutro. Por isso precisamos sedimentar as nossas bases e lutar pelo direito do nosso povo. Para encerrar esse artigo, deixo contigo algumas aspirações para fomentar um sonho coletivo na nossa geração:
- um salário mínimo digno;
- igualdade de gênero e raça;
- presença popular na política;
- leis desenvolvidas a partir da luta comunitária;
- fomentar uma agricultura e pecuária sustentável;
- debater o papel das forças armadas publicamente;
- desenvolver uma estrutura energética limpa e moderna;
- criar as bases tecnológicas para reindustrializar o brasil;
- realizar reformas social, educacional, urbana, agrária e tributária.
- garantir autonomia, soberania, segurança alimentar, energética e tecnológica;
Querida leitora, eu não gostaria de estar aqui, lutando para assegurar um Estado democrático de direito na nossa nação. O que eu realmente quero é lutar por uma agenda contra a fome, desigualdade, mudanças climáticas. No entanto, a democracia está em risco não apenas no Brasil, mas no mundo. Portanto, precisamos nos unir em torno de uma agenda em comum, que promova o bem-estar social não só para a parcela mais rica, mas para toda a população.
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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.