Como lutar contra o racismo estrutural que prevalece no sistema social?
“O racismo escarra na minha boca enquanto me beija.” (Augusto dos Anjos)
Olá leitor, hoje vamos falar sobre negritudes ✊🏿
O termo negritude se popularizou no contexto brasileiro, mas seu conceito merece ser debatido a partir da pluralidade dos corpos negros. De acordo com Adriano Migliavacca, negritude pode ser caracterizado como “a condição de ser negro ou o sentimento de pertencimento a esse grupo.”
Nesse artigo, quero propor uma reflexão a partir das minhas vivências e reflexões. Eu, mulher negra e periférica, decidi enfrentar o racismo e debater sobre esse machucado aberto da sociedade brasileira.
Bom, confesso que falar sobre racismo é uma grande vitória pessoal. Quando eu era adolescente, me sentia estranha e desconfortável, a ponto de evitar pensar no assunto. Eu não me via como negra e me descobrir foi um processo! Foi aos poucos, por meio de conversas e da aproximação com militantes, que fui percebendo o valor do meu corpo e dos meus traços. Encontrei minha cor, minha ancestralidade e ganhei disposição para enfrentar um racismo que roubou minha identidade.
Desde então, entrei num ambiente de reflexão crítica, engajamento social e afirmação da cidadania. Saí do meu esconderijo para assumir uma posição de protagonismo e força. Descobri minha potência, singularidade e possibilidades para combater a visão eurocentrada.
Queridxs, o olhar eurocentrico inventou o negro como inferior! Uma pessoa não pode ser determinada pela cultura, mas certamente será influenciada por ela. A construção do sujeito surge a partir de características políticas, econômicas e culturais, somando-se ao tempo histórico ao qual esse indivíduo está inserido.
A formação social brasileira está impregnada pelo racismo!
O preconceito contaminou as mais diversas esferas de poder: atravessou os governos, as políticas públicas, as instituições, a mídia, as relações sociais, a lógica da segurança pública, o currículo da escola, os códigos culturais e até os acontecimentos cotidianos mais simples.
No entanto, decidi resistir e apontar caminhos. Eu, jovem preta e periférica, decidi me envolver na militância e nos movimentos sociais para acelerar a efetiva transformação do mundo. Mais do que ações pontuais generosas, quero ações estruturais que promovam justiça!
Leitor, quero te fazer um convite:
Que tal livrar-se dos tentáculos dos controles sociais e se engajar na luta contra o racismo epistêmico? Como disse a rainha Angela Davis: “não basta não ser racista, precisamos ser antirracistas!”
Referência:
Artigo A negritude e o Universal Africano — Institutlo Geledés
Livro Amor como Revolução — Henrique Vieira
Amanda Costa é internacionalista, liderança jovem e atuante em temas globais. Formada em Relações Internacionais pela UAM, empreende o Climathon Brasil, o PerifaSustentavel, coordena o Grupo de Trabalho sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (GT ODS) no Engajamundo e participa redes Global Shapers Community, United People Global e Youth Climate Leaders.