Bastidores de uma jovem empreendedora social
O que o feed do Instagram não mostra, mas faço questão de compartilhar
Olá minha lindeza climática, como você está?
Eu estou bem, porém cansada. Há tempos que estou para escrever esse artigo, mas não conseguia encontrar tempo, energia ou disposição. Estou dando meu máximo, mas ás vezes parece que esse máximo não é o suficiente e tenho sempre que me esforçar um pouquinho mais.
Resultado? Estou exausta!
Recentemente aprendi que esse cansaço não é só meu, ele está enraizado no corpo de muitas mulheres negras, sejam elas jovens ou mais experientes. Nosso cansaço é ancestral, resquício de mais de 300 anos de exploração, apropriação e escravidão dos nossos corpos e saberes.
Agora que não somos mais escravas do Senhor do Engenho, estamos nos tornando escravas do capitalismo, tangibilizado na realização pessoal, no desenvolvimento das nossas organizações ou simplesmente na vontade de deixar um legado para os nossos.
Se empreender não é moleza, imagina empreender socialmente?
Confesso que uma vontade maluca de transformar o mundo pulsa em meu coração, quero usar as minhas vantagens sociais (que deveriam ser direitos básicos de TODAS as mulheres negras) não apenas para garantir a minha mobilidade individual, mas para que mais pessoas pretas e de quebrada tenham acesso tanto ao conhecimento quanto a oportunidade de quebrar ciclos e mudar de vida.
Me sinto numa corrida sem fim… Contudo, estou aprendendo a parar, beber água, descansar um pouquinho e voltar mais forte para essa maratona.
Semana passada eu estava com minhas amigas, conselheiras e mentoras da PonteAponte, fui chamada para conversar sobre um futuro projeto. O papo virou uma espécie de terapia coletiva, onde todas as mulheres falaram sobre o momento que tiveram seu primeiro burnout.
Burnout: Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um disturbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.
Como bruxonas maravilhosas, elas viram a minha alma e perceberam alguns sinais de exaustão. Disseram que o burnout é como um vírus silencioso, que se instala no íntimo do ser e nos faz ter preguiça de fazer até as atividades que mais gostamos. De acordo com o Ministério da Saúde, alguns sintomas são:
- Cansaço excessivo, físico e mental;
- Dor de cabeça frequente;
- Alterações no apetite;
- Insônia;
- Dificuldades de concentração;
- Sentimentos de fracasso e insegurança;
- Negatividade constante;
- Sentimentos de derrota e desesperança;
- Sentimentos de incompetência;
- Alterações repentinas de humor;
- Isolamento;
- Fadiga;
- Pressão alta;
- Dores musculares;
- Problemas gastrointestinais;
- Alteração nos batimentos cardíacos.
Eu acrescentaria nessa lista a vontade de arrancar a cabela dos seus clientes, a falta de paciência com a galera que trampa contigo e sucessivas crises de choro.
E quer saber a real?
Às vezes fico confusa se estou no começo de um burnout ou apenas num momento desafiador da minha vida, marcado por alguns picos de estresse. Até porque aprendi que não existe certo ou errado, existe aquilo que te aproxima ou te afasta do que você quer.
Eu já decidi: quero ser referência na minha área, uma jovem especialista em clima, raça e territórios. Todavia, me recuso a me perder para a estrutura capitalista que rege o nosso mundo: negligenciar minha saúde, passar por cima dos meus princípios e magoar as pessoas que estão ao meu lado. Estou encontrando um novo jeito de viver, fazer minhas paradas com paixão e chegar na posição que almejo, trilhando uma trajetória de afeto, empatia e amor.
Decidi compartilhar Os bastidores de uma jovem empreendedora social pois sei que esses desafios não são só meus, eles atravessam a realidade de muitas mulheres negras. Nossa vontade de transformar o mundo é gigante, mas não podemos esquecer de cuidar do nosso corpo, alma e espírito, ok?
Minhas musas da PonteAponte deixaram 3 dicas valiosíssimas que desejo compartilhar contigo:
- Beba vinho,
- Beije muito na boca e
- Faça trilhas onde não tem sinal de internet.
Não esqueça das atividades básicas: terapia em dia, exercícios físicos e se livre de pessoas tóxicas. Querida leitora, você é valiosa demais para ter um treco! Se estiver mal, me chama no insta @souamandacosta e bora trocar ideia.
Lembre-se: você não está sozinha ❤
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Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.