AFROTRANSBORDAMENTO
Hoje é dia 25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra. Quanto poder e resistência reverberam nesse dia!
Estou aqui para dividir as minhas percepções como mulher preta, compartilhar vivências do meu lugar de fala e fomentar o debate sobre gênero, raça e classe.
Eu sou uma constante descoberta, a todo instante vou me conhecendo e reconhecendo. Minha personalidade singular re-significa meu processo de conquista de identidade.
Nesse despertar social, me descobri mulher, preta, periférica, militante da autoestima, rebelde do sistema patriarcal, ativista climática, apaixonada por Jesus e quebradora de rótulos.
Desde que minhas reflexões existencialistas começaram, parei de tentar sobreviver e exigi uma vida prazerosa e abundante. Ter consciência da sociedade tóxica em que vivemos acordou meu espírito de rebeldia e resistência contra a exploração racista, sexista, elitista e imperialista. Quero mudanças e vou lutar para conquistá-las!
Apesar de reconhecer que a fúria pode ser usada como catalisador da libertação social, não quero que a raiva protagonize minha narrativa. Desejo ser um pontinho de LUZ num mundo marcado por agressões e extremismo, um porto seguro para o diálogo e aprendizagem.
Esse artigo não é apenas uma voz falando em nome do feminismo negro. Eu nasci, cresci e floresci. Decidi olhar para os meus ancestrais e entender a história que me trouxe até aqui. Olhando o passado, posso construir meu presente e projetar meu futuro. Meu “AFROTRANSBORDAR” é apenas o começo de um viver mais profundo, simbólico e extraordinário.
Sinto necessidade de revelar meu “novo-eu” e transbordar as reflexões que estão queimando no meu coração. Quero criar ferramentas para que outras pretas se descubram e transbordem oque vibra dentro delas.
Como em todas posições políticas, a mulher negra aceita a sua identidade por escolha e ação!
Para trazer brilho, alegria e doçura para meu processo de autoconhecimento e aceitação, resolvi fazer um ensaio fotográfico para acordar a PRETA MARAVILHOSA que estava quietinha dentro de mim.
Foi a primeira vez que usei turbante, bijus e roupas da cultura afro.
QUE SENSAÇÃO LIBERTADORA!
Ao mesmo tempo em que me vi bela e meiga, também me vi guerreira, forte e poderosa. Tenho orgulho da ancestralidade afro, me orgulho dessa cultura colorida, resistente e resiliente!
Ocupo meu trono e reino como princesa de Wakanda! Minha posição periférica me permite olhar o todo, ter uma visão panorâmica da sociedade contemporânea.
Me legitimo, valido minha existência e me transbordo. Dou um sorrisão e assumo o protagonismo da minha existência!
Foto: Rodolfo Bonifácio — @rodolfobonifacio
Maquiagem: Bárbara Falco Beauty — @bglaco_beauty
Look: Mundo Afro Perfecta — @mundoafroperfecta
Referência: Livro O Feminismo é para todo mundo — Bell Hooks
Amanda Costa é estudante de Relações Internacionais, empreende o Climathon Brasil, coordena o Grupo de Trabalho sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (GT ODS) no Engajamundo e é membro das redes Global Shapers Community e Youth Climate Leaders (YCL).