A Terra Inabitável
Se o capitalismo sobreviver, quem pagará a conta?
Olá meu risoto de abóbora com shimeji, turopom?
Desde que iniciei o Direto da Base, meu podcast para comunicar a crise climática a partir da perspectiva de pessoas pretas, periféricas e faveladas, decidi me jogaaaar no universo socioambiental.
O Direto da Base está dentro da plataforma do Fervura no Clima, um canal de comunicação criado pelo Ale, Caco e Matt para trazer notícias sobre a mudança do clima com humor, ciência e arte.
Numa das trocas que tive com o Matt, ele citou o livro A Terra Inabitável, do David Wallace-Wells. Essa obra traz um panorama do atual cenário do planeta, com projeções horripilantes (porém realistas) de como será nosso futuro caso a temperatura da Terra continue subindo.
Esse livro me deixou preocupada!
Eu sabia que o cenário era desafiador, mas não sabia o quanto. Parece que grande parte da humanidade sofre com uma cegueira climática que nos impede de visualizar a gravidade da catástrofe que já está acontecendo.
Não podemos viver como se não existisse uma bomba relógio prestes a implodir nosso planeta! É necessário compartilhar informações, fomentar a análise de dados, ampliar o debate, mobilizar diferentes atores, pressionar os tomadores de decisão e engajar a sociedade global na busca de soluções para a emergência do clima!
Apesar do cenário ser meeeega desafiador, eu acredito que uma sociedade consciente, engajada e bem articulada pode transformar o futuro da humanidade!
Greta Thunberg conseguiu provocar uma suuuuuper mobilização em prol da justiça climática e da equidade intergeracional, um assunto que vem sendo discutido há anos pela comunidade científica.
Em 1992, a Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento propôs uma série de protocolos informando o mundo do consenso científico: o sistema de consumo e produção está nos levando rumo à extinção!
De acordo com o Relatório do IPCC, Climate Change 2014: Synthesis Report, Summary for Policymakers (Genebra, 2014), o mundo avança para mais de 4 C de aquecimento até o ano de 2100! Isso significa que regiões inteiras da África, Austrália e dos Estados Unidos, parte da América do Sul e da Patagônia e da Ásia ao Sul da Sibéria, ficarão inabitáveis devido ao calor direto, à desertificação e às inundações.
As projeções das Nações unidas são sombrias:
- Secas destrutivas;
- Pobreza extrema;
- Escassez de água;
- Cidades inundadas;
- Desertificação acelerada;
- Ondas de calor permanente;
- Déficit de comida permanente;
- Colapso na população de aves locais;
- Mais de um milhão de espécies extintas;
- 200 milhões de refugiados do clima até 2050;
- Picos dramáticos na quantidade de determinados insetos;
“O cenário é alarmante!”
Para evitar essa catástrofe, em 2016 os governantes dos 193 países membros da ONU assinaram o Acordo de Paris, um tratado internacional que tem o objetivo de conter o aquecimento da Terra em até 2°C.
Contudo, isso não é suficiente!
Com 2°C, as calotas polares derreterão, mais de 400 milhões de pessoas sofrerão com escassez de água, grandes cidades na faixa equatorial se tornarão inabitáveis e mesmo em latitudes mais setentrionais, as ondas de calor matarão milhares de pessoas todo verão!
“É pior. Muito pior do que você imagina.” (David Wallace-Wells, A Terra Inabitável)
A mudança climática não é algo que afetará uma ou outra parte, mas no planeta inteiro! E a menos que decidamos pará-la, ela nunca cessará.
O capitalismo fóssil está acabando com a vida do planeta e a humanidade está se afogando no oceano da autodestruição!
- Calor letal: De acordo com o relatório do The Lancet, nos últimos 20 anos o aumento da mortalidade relacionado com o calor excessivo em pessoas com mais de 65 anos aumentou em 53,7%.
- Fome: Quando consideramos o número de pessoas com insegurança alimentar severa, junto com as pessoas com insegurança alimentar moderada, a FAO estima que o número chegue a 2 bilhões de pessoas no mundo.
- Afogamento: De 1992 até 1997 a Groenlândia perdeu, em média, 59 bilhões de toneladas de gelo por ano; de 2012 até 2017, foram 219 bilhões.
- Incêndios florestais: No mundo todo, todo ano, entre 260 mil e 600 mil pessoas morrem em consequência da fumaça dos incêndios.
- Desastres não mais naturais: De acordo com a UNISDR (United Nations Office for Disaster Risk Reduction — Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres), o número de afetados por catástrofes naturais em 2018 foi de 61,7 milhões.
- Esgotamento da água doce: De acordo com a revista National Geographic, apenas 0,007% da água do planeta está disponível para o uso e consumo de 7 bilhões de pessoas.
- Morte dos oceanos: Mais de um quarto de carbono emitido pelos humanos concentra-se no oceano, que, além do mais, nos últimos cinquenta anos, absorveu 90% do excesso de calor provocado pelo aquecimento global.
- Ar irrespirável: O ar do planeta não vai estar apenas mais quente, também será mais sujo, opressivo e carregado de doenças.
“A abrangência da mudança climática é tão grande e sua ameaça tão intensa, que num gesto reflexo desviamos os olhos, como do sol.” (David Wallace-Wells)
Ainda podemos mudar esse cenário, mas o custo será alto: uma economia descarbonizada, um sistema de energia perfeitamente renovável, um sistema agrícola reinaugurado e um planeta sem carne.
Para isso, é necessário vontade política, força econômica, flexibilidade cultural e uma revisão completa dos sistemas de energia, transporte, infraestrutura, indústria e agricultura de TODOS os países.
Não estamos apenas contando a história, mas vivendo-a. Quer dizer, tentando viver. A ameaça é imensa. (David Wallace-Wells, A Terra Inabitável)
Querido leitor, existem duas opções: continuar imerso na ingenuidade climática ou decidir mudar. Qual será a sua escolha?
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Assista meu programa:
Formada em Relações Internacionais, Amanda empreende o PerifaSustentavel, é colunista da Agência Jovem de Notícias, podcaster do Direto da Base e atua como mobilizadora de redes do Youth Climate Leaders. Liderança Forbes Under 30, Amanda tem o objetivo de mobilizar jovens para construírem um planeta inclusivo, colaborativo e sustentável, através das redes Embaixadores da Juventude da ONU, Global Shapers Community e United People Global.