Ação direta do Capital

Aula 06 da disciplina de Estado, Mudança Social e Participação Política, do prof Dennis de Oliveira (USP)

Amanda da Cruz Costa
4 min readJul 10, 2024

Nesta sexta aula da disciplina Estado, Mudança Social e Participação Política, discutimos o artigo A Ação Direta do Capital: O Poder do Capitalismo Contemporâneo, que tem o próprio professor Dennis como autor [confira aqui]. Foi interessante analisar as bases do sistema capitalista, e perceber que o valor de troca (quanto custa cada coisa) se dá pelo valor do trabalho incorporado.

Eu sei, eu sei. Para quem não é da área, pode parecer um assunto confuso. Mas para ficar mais fácil, pense que o capitalismo simboliza a passagem do trabalho manufaturado para a industrialização, e daí várias transformações sobre o serviço e o produto ocorrem.

>> Mercadoria: força física de trabalho + força das máquinas

O conceito de exploração em Economia Política não significa pobreza, ele se manifesta de maneira relativa mediante ao que o trabalhador produz. Neste sentido, para além do modelo econômico, é fundamental pensar no capitalismo como um modelo civilizatório que dita as normas da sociedade contemporânea.

Se você é fã de Elon Musk e cachorrinho do sistema capitalista, sinto te dizer: o capitalismo é insustentável ambientalmente. Basta olhar para

  • Descartabilidade programada
  • Aumento do consumo → aumento do lixo
  • Aumento da produtividade industrial → aumento de energia
  • Matriz energética amplamente poluída

“As mudanças climáticas são um produto do capitalismo.” (Dennis de Oliveira)

Divisão internacional do Trabalho

A forma com que o trabalho está dividida globalmente impõem que os países do Sul Global sejam meros exportadores de produtos agrícolas e outros insumos primários (que possuem baixo valor agregado). Além disso, muitos desses países são amplamente conhecidos por serem importadores de lixo, perpetuando uma continuidade do processo de colonização que fundamentou as bases do sistema capitalista.

“O racismo estrutural é produto da divisão territorial, entre as lixeiras do mundo, os fornecedores de insumos e os detentores da tecnologia.” (Denis de Oliveira)

Reprodução social: trabalho não pago, gênero → economia do cuidado

Uma das característica do capitalismo é o arranjo institucional que separa a política da economia, no qual há uma igualdade jurídica entre os cidadãos. Mais que um modelo econômico, o capitalismo se tornou um sistema.

Fatos históricos que marcam as crises do capitalismo:

  1. Capitalismo entra em crise por conta do modelo de superprodução (1970)
  2. Crise do petróleo (fundação da OPEP) e aumento do preços
  3. Ecologia radical / movimento contracultura (ex: Guerra do Vietnã) — Juventude questionando o modelo e toda a estrutura de poder (1960)

O neoliberalismo surgiu como a solução conservadora para as crises do capitalismo. Esta nova doutrina surgiu na segunda metade do século XX, a partir da alternância do modelo fordista (produção padronizada) para uma produção segmentada (modelo toyotista), defendendo os princípios de mínima intervenção do Estado e a abertura econômica dos territórios.

Esse modelo gerou uma brutal concentração de riquezas, marginalizando toda a população que não se encontra nos centros financeiros do mundo. Essa grande massa de pessoas excluídas se intensificou na região do sul global, moldando uma lógica de expropriação que possibilitou uma lucratividade altíssima para aqueles que estão no poder. Desse modo, as pautas desenvolvimentistas foram colocadas como estratégia para diminuição das desigualdades sociais. Por esta razão, houve a formação de elites autocráticas no chamado terceiro mundo.

E é aí, minha cara leitora, que eu te pergunto: Qual é o impacto na democracia, cidadania e Estado neste sistema?

Respondendo de maneira nua e crua, a democracia chega a ser disfuncional para o capitalismo! Na democracia burguesa, há processos de conflitos (por exemplo, os sindicatos), mas nos dias de hoje, a ideologia do empreendedorismo ganhou espaço, pregando uma lógica meritocrática e individualista que fragmenta a percepção de luta coletiva (ninguém te cobra, você se cobra, teu inconsciente é seu pior chefe).

Uma razão capitalista faz com que a democracia se torne uma palavra vazia. A dinâmica política virou um jogo de memes e piadas virais.

No Dia Internacional da Mulher, deputado Nikolas Ferreira colocou uma peruca Loira e usou a tribuna da Câmara para pedir que mulheres ‘retomem feminilidade e tenham filhos’

Querida leitora, percebe como há um esvaziamento do arranjo institucional? Na prática, o controle do Estado vai sendo deslocado para um campo meramente ilustrativo, no qual os arranjos econômicos dominam.

Nesta lógica, é necessário garantir o mínimo para que esta classe trabalhadora continue sendo alienada, controlada e por fim, explorada. No entanto, essa lógica não tem seu fim nas pessoas, ela impacta o planeta de forma generalizada. Todo esse processo intensifica, dia após dia, a destruição ambiental, fazendo com que a sustentabilidade da terra dependa da intensificação da desigualdade social.

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Ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU e fundadora do Instituto Perifa Sustentável. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, Revista Época Negócios, Pequenas Empresas Grandes Negócios e Marie Claire. Além do mais, Amanda é TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices, LinkedIn Creator e já participou de 5 conferências oficiais da ONU sobre mudanças climáticas, sendo elas COP 23 — Alemanha, COP 24 — Polônia, COP 26 — UK, COP 27 — Egito, COP 28 — Emirados Árabes.

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Amanda da Cruz Costa

#ForbesUnder 30 | Conselheira Jovem da ONU | Dir. Executiva do Perifa Sustentável